Título: O Negro no Maranhão: A escravidão, a liberdade e a construção da cidadania 
Autor: Manoel Santos Neto
ISBN: S/N
Peso: 302 g
14 x21 | 138 páginas | Ano: 2004
Editora:  Clara Editora 
Categoria: Escravidão | Abolição da escravatura   | Maranhão 
 
Sobre o livro:
 
Sempre fico emocionada ao reconhecer em uma obra o esforço de um profissional que vai além das dificuldades para deixar sua contribuição para a humanidade. A falta de tempo é um leão que devora a todos, mas algumas pessoas encontram esse precioso tempo para dedicar-se a causas nobres. Uma dessas pessoas é o jornalista Manoel Santos Neto, ou simplesmente Manoelzinho, como é carinhosamente chamado pelos colegas nas redações dos jornais de São Luís, e sua obra KO Negro no Maranhão", com certeza, desde já é uma valiosa contribuição para a História do Maranhão.
 
Tive a oportunidade de receber em primeira mão o trabalho e pude deleitar-me com tanta riqueza de detalhes, preciosidades resgatadas de páginas de jornais, até então esquecidas. Não fosse esse precioso trabalho, não teríamos a oportunidade de viajar pelas páginas dos velhos periódicos do Maranhão, na descoberta e no resgate de nossas origens. Sem sombra de dúvidas, não foi um trabalho fácil. Passar dias, horas, dedicado às suas pesquisas, garimpando informações, mas acreditando num sonho. Nenhum obstáculo o fez desanimar. Fui testemunha disso e a cada um que encontrava, ele sempre falava do andamento de suas pesquisas com um ânimo contagiante, com um intenso brilho nos olhos, com um entusiasmo de adolescente. Hoje, a pesquisa tornou-se livro, um presente para as todas as gerações.
 
"O Negro no Maranhão" coloca-nos diante de fatos históricos e de fatos contemporâneos. Com um formato jornalístico, o texto traz detalhes riquíssimos, frases esquecidas no tempo e no espaço, recortes da imprensa na época da escravatura, do sofrimento das mães escravas, das lutas do abolicionismo, do papel da Igreja, da rejeição à raça e, por fim o encorajamento de que ainda há esperanças, que a construção da cidadania é possível a partir da conscientização de todos os povos, de todas as raças. "Reconhecer os mais desiguais, para torná-los mais iguais", como propõe o autor.
 
0 estudo realizado por Manoelzinho, um jornalista mais que tarimbado, parte de um ângulo bastante peculiar, que impõe uma revisão de personagens e acontecimentos da História do Maranhão. Em lugar de recolher, sem mais, os fatos est? livro - absolutamente objetivo e de um equilíbrio muito sereno revela o desenrolar histórico num espírito crítico. Poder-se-ia dizer, para simplificar, que a História eufórica à qual estamos habituados é substituída por uma História crítica, assustadoramente fecunda. Figuras lendárias da História do Maranhão - o padre António Vieira, por exemplo - deixam então cair um pouco da sua plumagem. Mas os méritos deles não são ignorados.
 
Portanto, trata-se de uma obra abrangente, que passa a limpo pontos chave da formação cultural do Brasil. Aprendi muito com tudo o que li, refleti bastante sobre todas as frases e todas' as questões suscitadas no livro. Percebi o quanto foi o sofrimento dessa raça, da qual eu também faço parte e só devo orgulhar-me de pertencer a ela. hoje, depois dessa leitura, eu sei um pouco mais o que é ser negro em nosso País. E espero que todos os que tiverem a oportunidade de ler o livro, também possam ter a exata noção de nossa identidade.
Edvânia Kátia